Por Luciara Schneid
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Há dez anos, a partir de trabalho de avaliação do uso de microrganismos na cultura do arroz irrigado, conduzido pela pesquisadora Maria Laura Mattos, na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, foi registrado o primeiro produto inoculante à cultura do arroz irrigado. "Consegui comprovar a eficiência do Azospirillum brasiliense e esse registro abriu muito a comercialização e uso dos biológicos na cultura", diz a pesquisadora.

Segundo ela, que integra comitê do Plano de Agricultura de Baixo Carbono junto com a Secretaria de Agricultura do Estado, há um crescimento no uso dos biológicos no Brasil e com isso, se pratica a tão sonhada economia verde. A meta é chegar a um milhão de hectares com o uso de biológicos no Estado, tanto com o uso de inoculantes, quanto promotores de crescimento e de controle biológico, diz.

"Com o uso de biológicos estamos introduzindo organismos indutores de resistência nas plantas. Todas estas culturas que vão entrando no sistema, seja soja, arroz, milho ou trigo, e o produtor vai usando ou inoculante ou produto biológico estará enriquecendo este sistema com microrganismos benéficos para a agricultura", ressalta.

O tema foi discutido durante a 33ª Abertura da Colheita do Arroz, neste mês, e trouxe experiências de produtores que já usam bioinsumos em 100% de suas lavouras. "O produtor tem um alto custo nas suas lavouras e para manter a sua produtividade tentando minimizar o custo, utilizam o insumo biológico em combinação com o químico", ressalta.

O orizicultor Waldemiro Aguiar, sócio-proprietário da Agropecuária Aguiar, de Santa Vitória do Palmar, com 50 anos de plantio no arroz irrigado e dez na soja, iniciou o trabalho com biológicos em suas lavouras pela soja, há cinco anos, e nesta safra, estendeu também ao arroz irrigado. Entre as vantagens do uso dos produtos biológicos ele cita a reestruturação da microbiota do solo e retorno às suas origens naturais, além da conservação dos inimigos naturais das pragas. "Em minha propriedade, 100% da área de arroz e soja é biológico", afirma ao demonstrar o manejo e produção das duas culturas com o uso de produtos biológicos.

Segundo Maria Laura, todo este trabalho realizado pela pesquisa é para garantir ao produtor que ele está usando microorganismos benéficos e seguros para a agricultura. "Seguro para a saúde do trabalhador e produtor, com alta qualidade e pureza, e que oferece este tipo de retorno ao produtor".

Segundo ela, existem combinações hoje de produtos biológicos já testadas em laboratório portanto seguras que levam as plantas à tolerância ao estresse hídrico por falta de chuvas, enfrentado atualmente nas lavouras do Estado. "Nós temos um exemplo em uma propriedade aqui da região, em que utilizando certas combinações conseguimos que a soja resistisse até as últimas chuvas"., ressalta.

Para quem pretende adotar o uso de biológicos em suas lavouras, o responsável pelo portfólio de projetos sobre bioinsumos na Embrapa, Fábio Bueno dos Reis Júnior dá o caminho. "A Embrapa tem hoje uma carteira de 90 diferentes portfólios, que envolvem toda a pesquisa com insumos biológicos com o envolvimento de mais de 200 pesquisadores especializados fora os que atuam em parceria", diz.

Segundo ele, cerca de 40% dos projetos são realizados em parceria com empresas privadas, que produzem os insumos biológicos que irão chegar ao mercado. Ele acredita ser este o caminho para que a pesquisa encontre com a indústria e o produto seja lançado de forma mais eficiente e rápida para o produtor.